9.24.2012

Je ne suis pas.


                Está doendo, e muito. A cada dia que passa e afundo minhas memórias em esquecimento, parece que esqueço que luto a cada dia para tentar me encontrar. Parece que foi ontem, mas faz anos, em que passava dias sem comer sem nenhum problema. Onde minhas amigas me acompanhavam nessa jornada. Eu não imaginava que isso um dia iria acabar, e se tornar somente palavras perdidas no tempo. Existe agora, um enorme vazio dentro de mim e não é de fome por estar sendo forte como antigamente. Um vazio que o tempo que passa rápido deixou, um vazio de lembranças e saudade. Um vazio de arrependimento por não ter aproveitado melhor aquela época, e agora estar sozinha ainda nesta luta. Não aguento mais esses planos, não aguento mais me olhar no espelho e ver apenas gorduras. Não aguento mais ser quem eu não sou. Parece que nasci no corpo errado, trocaram as almas na hora da criação. Nunca me senti bem nesta pele, não me lembro da última vez que eu fiquei feliz por ser eu. Não acredito que ainda estou nessa vida, nesse corpo que nunca muda. Se meu eu de uns anos atrás visse seu atual futuro, certamente se mataria de angústia e decepção.
Eu quero ser feliz, eu quero poder me olhar no espelho e ver apenas ossos. Eu quero poder vestir as roupas do meu estilo sem medo e vergonha quando sair na rua. Quero poder conversar livremente, perder a timidez que criei quando fui me criando. Quero poder ter amigos para sair, me divertir sem preocupações. Ser eu sem medo e arrependimentos. Apenas quero, me quero e não há nada demais nisto. Porque eu não consigo então? Porque parece que estou estagnada no mesmo ponto em que comecei, será o ponto final de minha vida?
Mil estações se passaram todas iguais, e todas as mesmas. Dias que se evaporaram, pessoas que vieram e já se foram e eu ainda estou aqui, lamentando pelas mesmas coisas. Cansada de apenas tentar, cansada dessas palavras que não me completam nem me satisfazem mais. Tantas coisas que já se foram, mas parece que ao mesmo tempo não vivi nada, nem ao menos uma gota do que eu queria. 18 anos de vida, e se tiver ao menos o total de 1 ano inteiro vivido, já será demais. Poha, são 18 anos e ainda aqui, a mesma, do mesmo modo. Inacreditável, só isso. Cada dia eu me supero na arte de me desiludir, de me perder ao invés de me encontrar. Sair desse labirinto que criei, dos sonhos que cresceram para cima por não terem sido realizados. Agora nem ao menos espiar o que o caminho ao lado possui eu consigo. Mais um pouco e não conseguirei enxergar o céu. Às vezes, a porta está ao lado é só virar o caminho certo. Às vezes.  Quebrar o ciclo, destruir as correntes. Preciso mergulhar de vez neste mundo para ver se consigo um pouco de ar para respirar. Estou sufocando cada segundo mais, morrendo aos poucos por não saber lutar por não saber correr. 

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