Busque Amor novas artes, novo engenho,
Para matar-me, e novas esquivanças;
Que não pode tirar-me as esperanças,
Que mal me tirará o que eu não tenho.
Olhai de que esperanças me mantenho!
Vede que perigosas seguranças!
Que não temo contrastes nem mudanças,
Andando em bravo mar, perdido o lenho.
Mas, conquanto não pode haver desgosto
Onde esperança falta, lá me esconde
Amor um mal, que mata e não se vê.
Que dias há que n'alma me tem posto
Um não sei quê, que nasce não sei onde,
Vem não sei como, e dói não sei porquê.
— Luís de Camões
Os dias andam estranhos em geral. Vejamos...
[Causo um] Hoje estava em frente à escola pra ir embora, e começou a chover muito. Veio um moço correndo todo ensopado da chuva e sentou ao meu lado. Começou a puxar conversa. Sim, minha primeira conversa do cursinho demorou mais de um mês para ocorrer, e ainda por cima, não foi com uma pessoa do cursinho. Além de cheiroso, já tem namorada que estuda no cursinho.
- Ah, tenho que ir. Tchau!
- Ok, tchau. Tudo de bom pra você...
- Pra você também.
- Obrigado.
Esqueci-me de perguntar o seu nome. Sim, já estava tão acostumada a normalidade de não conversar com ninguém, que quando isso acontece, eu estranho e vira novidade. Dias estranhos.
[Causo dois] Sabe quando falam que quando gostamos de alguém sentimos borboletas no estomago? Sim, hoje eu senti, mas acho que foi um furacão. Só com um olhar meu estomago deu um salto e começou a se revirar inteiro, fiquei com medo de vomitar.
[Causo três] Além do mais senti um clima, e umas conversas que talvez um amigo dele esteja gostando de mim. Shit, o amigo. Não pode ser ele?
- Fulano! Vem cá, vamos conversar. Quando você gosta de uma menina, você tem que chegar nela e falar.
*Eu percebendo e saindo da sala de fininho.*
- Fulano, fulano (outra pessoa chamando ele). Olha pra traz!
*Era a Penny dando linha pela segunda vez no dia.*
[Causo quatro] Estava no meio de transporte público, quando um carinha do cursinho que senta perto de mim entrou também. Ele deve morar por aqui perto. Quando me levantei para esperar o ônibus parar no ponto, ele se levantou também, olhei para ele, ele também me olhou, então tentei esconder um sorriso enquanto abaixava a cabeça. Depois tentei andar rápido pra chegar primeiro no cursinho [coisa de criança; nem tenho vergonha]. Fui pra minha cadeira, deixei minha bolsa e ia fugir para o banheiro. Só que ele já estava subindo o corredor entre as fileiras de carteiras, e oi, o corredor é muito estreito. Esbarramo-nos, e dei passagem. Fiquei com mais vergonha ainda, e acho que ele percebeu. Penny dando a linha pela primeira vez no dia. Não sei por que evito tanto as pessoas. E apesar de desconfiar que ele tenha um feeling por mim (isso faz uns dias), e ter ficado toda envergonhada com esses pequenos fatos de hoje... Nada se compara quando meu olhar se encontra no do outro. Quando meu coração bate mais forte, fisicamente, e parece que tem um furacão em minha barriga. Me sinto em um obra de Shakespeare, ao falar que muito provavelmente nunca falarei com a pessoa que eu gosto, e sempre ficarei fugindo de todas as outras.
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