6.14.2013

Sweet Darkness


O céu estava azul no quintal de casa, com um sol que não esquenta e um vento que não esfria. Um clima perfeito para algumas pessoas. Gosto de definir dias assim, como dias mornos, nem quente e nem frio. Mas não é o morno que agrada meu paladar. Seria um bom dia para viver, para ser eu mesma se eu soubesse fazer ambas as coisas, mas estava tão perdida quanto deveria estar. Perdida nos meus pensamentos, no meu passado, no presente sem sentido e em um futuro tão incerto. A verdade é que me perdi dentro de mim mesma, não sei achar o que caminho de volta, e nem encontro um novo rumo. Aquele grande vazio em mim voltou a me questionar se ainda sei quem sou. Se eu mudei tanto assim de uns anos para cá, e porque parece que o passado sempre se repete comigo, como em um ciclo. A dúvida vai corroendo minhas paredes e meu chão, grito a mim mesma que não posso saber quem eu sou agora, mas tenho certeza que continuo sendo a mesma. De resposta aos meus gritos só escuto ecos distantes. Tão contraditória como sempre, minha vida é baseada em fatos reais de um paradoxo. Não sei até onde vai a realidade, até onde é um sonho. Os muros caíram e não há mais divisão. Perdi minha habitação e agora só me resta o escuro.
Ah, o escuro. Quando me deparo no primeiro instante com ele, o medo é presente. A escuridão me causa terror, insegurança e medo. Mas isso é só no primeiro instante. Segundo depois, dou um sorriso maléfico a ele, e respondo "bem vindo de volta, meu doce amigo". Na escuridão não vejo formas, não há cores borradas e sons irritantes. No escuro tudo é calmaria, posso ser eu mesma, pensar sem fronteiras. Um lar, de certa forma, que me abriga do abrigo que me foi tirado, me traz conforto e consolação. De alguma maneira, a escuridão me dá forças para seguir em frente, de que nada do que acontece lá fora, realmente não tem sentido e razão. Não me importa se o céu está azul ou se é um bom dia para se viver, eu me sinto bem quando o céu está escuro, quando há somente um doce lua sorridente no céu, e astros distantes ao fundo. Quando há chuva batendo na janela, quando minha pele branca fica fria. Tudo se aproxima da morte, e nesses instantes eu começo a entender a vida. Não me importa mais o clima ou o mundo lá fora, quando me acomodo no vazio que cavei dentro de mim, quando a escuridão segura minha mão e sorrindo me fala "move on".

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Eu voltei.
Talvez um pouco mais forte e destruída, mas estou aqui.
Ainda estou aqui.